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IGREJAS DO APOCALIPSE



João recebeu ordem de escrever suas visões num livro e enviar às sete igrejas (Apocalipse 1:11, 19). Os capítulos 2 e 3 do Apocalipse registram as cartas que foram enviadas. Havia mais de sete igrejas na Ásia, como por exemplo, Colossos (Colossenses 1:2) e Mileto (Atos 20:15). Mas Deus, em sua onisciência, escolheu estas sete, pois suas características e estado espiritual nos dias de João representariam sete períodos pelos quais Seu povo passaria desde a primeira até a segunda vinda de Cristo.
O número sete ocorre várias vezes no Apocalipse. Sete igrejas, Sete espíritos, Sete candeeiros, Sete estrelas, Sete selos, Sete chifres, Sete anjos com sete trombetas, Sete trovões, Sete cabeças com sete coroas, Sete pragas, Sete montes, Sete reis. O número sete na Bíblia indica plenitude. Com isso entendemos que a mensagem do Apocalipse se dirige a TODOS os filhos de Deus. Vamos então começar o estudo das profecias do Apocalipse.Éfeso – Uma igreja vitoriosa
A cidade de Éfeso estava situada na costa ocidental da Ásia Menor. Possuía um grande porto que funcionava como uma porta de entrada da província romana da Ásia e ponto de partida para rota comercial. Sua localização era privilegiada, talvez por isso tenha recebido o nome “Éfeso” que significa “desejável”. Era uma cidade adornada com formosos templos e sede do culto à deusa Diana (Atos 19:27), culto este altamente imoral com ritos orgíacos de fertilidade.
O apóstolo Paulo visitou várias vezes esta igreja (Atos 19:1-20) e Timóteo, discípulo de Paulo, provavelmente era o pastor dela nos dias de João. A presença destes líderes ajudou na manutenção de uma doutrina pura e zelo missionário. Foi um período de grande crescimento para o evangelho (Atos 2:41; 4:4; 16:5).

Período profético (31-100 a. D.)
A igreja cristã foi fundada pelo próprio Jesus Cristo (Mateus 16:18; 1 Coríntios 3:11; Efésios 2:20). Sua igreja passaria por sete períodos representados pelas sete igrejas. A igreja de Éfeso representa o período da igreja cristã que vai do ano 31 a. D, ano da morte de Cristo, até 100 a. D., data aproximada da morte de João, último dos apóstolos a falecer. Foi uma época de pureza doutrinária e grandes avanços evangelísticos. Contudo, a profecia já falava de um “abandono do primeiro amor” e da necessidade de arrependimento (Apocalipse 2:4, 5).
 Esmirna – Uma igreja perseguida
A palavra “Esmirna” vem de mirra, um suave aroma adocicado. É possível que essa igreja tenha sido fundada pelo apóstolo Paulo. A igreja de Esmirna era pobre em riquezas deste mundo, mas ativa no trabalho. Sofreu muitas perseguições. Policarpo, que foi consagrado bispo nesta igreja pelo próprio João, sofreu martírio em 168 a. D. Milhares de cristãos foram aprisionados e mortos, mas outros surgiam para ocupar seus lugares. Os sofrimentos que suportavam, levavam os membros de Esmirna para mais perto uns dos outros e de seu Redentor. Seu exemplo dado em vida e diante da morte era um constante atestado à verdade. Onde menos se esperava, muitos perseguidores eram convertidos e alistavam-se no exército de Cristo.

Período profético (100-313 a. D.)
Esmirna representa o período que vai desde a morte de João, por volta do ano 100 a.D., até 313 a.D. Na carta está escrito: “… Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias…” (Apocalipse 2:10). Conforme o princípio dia/ano de interpretação profética, estes dez dias se aplicam ao período de 303 a.D., quando fortes perseguições foram movidas contra os cristãos pelo imperador romano Diocleciano, até 313 a.D., quando Constantino, agora imperador, assina o Edito de Tolerância de Milão, dando liberdade de culto aos cristãos e restituindo a posse de seus bens antes confiscadosPérgamo – uma igreja popular
Pérgamo significa “altura” ou “elevação”, pois a cidade, construída pelos gregos, estava numa elevação de 300 metros acima do nível do mar. É dito que lá é “onde está o trono de Satanás” (Apocalipse 2:13). Após a derrota para os persas (539 a. C.), sacerdotes da Babilônia fugiram para a Ásia Menor e fixaram-se em Pérgamo. Ali, continuaram a promover os ritos de sua religião politeísta e os elementos deste culto místico, foram transferidos para Pérgamo e depois para Roma.
Foi assim que, quase imperceptivelmente, os costumes pagãos ingressaram na igreja cristã. Enquanto a igreja foi perseguida (período de Esmirna), não houve conformidade com o paganismo. Todavia, quando cessaram as perseguições (Edito de tolerância – 313 a. D.), e o cristianismo entrou nas cortes e palácios reais, perdeu a humildade e simplicidade dos ensinos de Cristo e dos apóstolos em troca da pompa e orgulho dos sacerdotes e governadores pagãos.

Período profético (313-538 a.D.)
Pérgamo representa a história da igreja cristã do ano 313 a.D. até 538 a.D., quando, após a queda de Roma Ocidental (476 a.D.), sai de cena o imperador e surge o papado. A transigência entre o paganismo e o cristianismo neste período resultou no desenvolvimento do “homem do pecado” (2 Tessalonicenses 2:3), opondo-se a Deus e exaltando-se sobre Ele.
Em 533, Justiniano, imperador de Roma Oriental, já havia declarado ser o papa “cabeça de todas as igrejas”. Em fevereiro de 538, após a expulsão de Roma da última tribo antagônica ao papado, os Ostrogodos, deu-se início ao período de supremacia papal que, segundo a profecia, deveria durar 1.260 anos (ver Daniel 7:25; Apocalipse 12:6; 13:5).Tiatira – Uma igreja apostatada
A palavra “Tiatira” significa “sacrifício de contrição”. A cidade foi construída por Seleuco, um dos quatro generais de Alexandre, o Grande, em 280 a. C. Era uma cidade famosa por fabricar tecidos. Lídia, a quem Paulo encontrou em Filipos, era evidentemente representante de uma destas fábricas (Atos 16:14).

Período profético (538-1517 a.D.)
Tiatira representa o mais longo período da igreja, que vai de 538 a.D., com o início da supremacia papal, até 1517 a.D. Fica no meio das sete igrejas (quarta no Apocalipse), sendo por isso uma figura apropriada da Idade Média.
O significado do nome Tiatira (sacrifício de contrição), representa adequadamente o período da história da igreja em que a fé simples foi mudada por meio da apostasia, ou sacrificada, sendo substituída por obras e penitências. Foi um período difícil para a igreja, pois lentamente foi se afastando da pura doutrina de Cristo e assimilando os dogmas e tradições do paganismo.
Este período também testemunhou uma forte perseguição, pois no século 12 o papado criou o pior de seus estratagemas – o Tribunal do Santo Ofício (Santa Inquisição) e milhares de pessoas foram mortos. Isso levou o Papa João Paulo II, no dia 15 de junho de 2004, em uma carta dirigida ao cardeal Roger Etchegaray, lida em uma conferência cujo tema era a publicação das Atas do Simpósio Internacional “A Inquisição”, a pedir perdão pela tortura e assassinatos praticados durante a Inquisição.Sardes – Uma igreja reformada
A palavra “Sardes” significa “cântico de alegria”, e também pode significar “a que permanece”. De fato havia pouca fé verdadeira após séculos de apostasia e perseguição. Os membros desta igreja viviam das glórias do passado. O que haviam recebido e ouvido não era lembrado e conservado. Aquela que fora a capital da Lídia, cobiçada e vencida por Ciro, o Grande, estava agora morta.

Período profético (1517-1798 a.D.)
Os longos séculos de trevas morais e espirituais, do período de Tiatira (538-1517), deveriam dar lugar a um grande movimento de reforma, e isso aconteceu com a chegada do período simbolizado por Sardes (1517-1798). Homens como Lutero, Knox, Calvino, Zuínglio e outros, trouxeram o povo de volta à Palavra de Deus, a Bíblia. O marco deste retorno pode ser datado em 31 de outubro de 1517, quando Martinho Lutero afixou na porta do castelo de Wittemberg, as 95 teses contra as vendas de indulgências, marcando assim o inicio da Reforma Protestante.
Jesus, em seu sermão profético, declarou: “Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados” (Mateus 24:22). Pela influência da Reforma Protestante, a perseguição veio a termo antes de 1798, quando só então terminou o período de supremacia papal.Filadélfia – Uma igreja reavivada
A palavra “Filadélfia” significa “amor fraternal”. A cidade foi fundada em 150 a. C. A intenção de seu fundador era torná-la centro da civilização Greco-asiática e um meio de espalhar a língua e os costumes gregos nas partes ocidentais da Lídia e da Frígia. Por isso alguns a chamam de “cidade missionária”.

Período profético (1798-1844 a.D.)
A igreja de Filadélfia representa o período que vai de 1798, fim dos 1.260 anos de supremacia papal (ver Apocalipse 12:6; 13:5) até 1844, fim do período profético das 2.300 tardes e manhãs (ver Daniel 8:14). Este foi um período de notável atividade na obra das missões cristãs e na distribuição da Bíblia. A Sociedade Bíblica Britânica começou a funcionar em 1804 e a Americana em 1816. Mas foi também um momento de grande interesse no cumprimento da profecia bíblica e do breve retorno de Cristo.
O cumprimento dos sinais dados por Jesus (Mateus 24:29), o escurecimento do sol e a lua vermelha como sangue (19/5/1780) e a queda das estrelas (13/11/1833), indicava a proximidade do fim. Assim, o fim do século 18 testemunhou a inauguração de um dos mais poderosos movimentos para a evangelização do mundo.
O período de Filadélfia culminou com o Grande Movimento do Segundo Advento do século 19. Através do estudo das profecias de Daniel e Apocalipse, a cristandade chegou a uma profunda convicção de que a Volta de Cristo estava próxima. Este reavivamento culminou numa grande decepção, como veremos quando estudarmos Apocalipse 10.

     A última igreja 

Laodicéia – Uma igreja autossuficiente
Esta cidade inicialmente chamava Dióapolis e Roas. Foi reconstruída por Antíoco II (261-246 a. C.) e chamada Laodicéia em homenagem à sua esposa, Laodice. A igreja de Laodicéia é mencionada na carta de Paulo aos Colossenses. Ele escreveu: “Saudai os irmãos de Laodicéia, e Ninfa, e à igreja que ela hospeda em sua casa. E, uma vez lida esta epístola perante vós, providenciai por que seja também lida na igreja dos laodicenses; e a dos de Laodicéia, lede-a igualmente perante vós”(Colossenses 4:15, 16). Ao que o texto indica, Paulo teria escrito também uma carta à igreja de Laodicéia, mas esta se perdeu.

Período profético (1844 a.D. – ? )
Laodicéia é a última das sete igrejas. Ela cobre o período da história da igreja em que nosso Sumo Sacerdote celestial, Jesus, leva a cabo Seu ministério de juízo logo antes de Sua volta em glória. Jesus iniciou Seu ministério como sacerdote logo após a Sua ascensão. De acordo com a profecia das 2.300 tardes e manhãs, no ano de 1844, Ele começou a oficiar também como Sumo Sacerdote.
Embora Jesus esteja no Santuário Celestial intercedendo e julgando Seus filhos, o estado espiritual dos membros da igreja de Laodicéia é de profunda letargia. O Apocalipse os descreve como mornos e, a menos que mude de atitude, atendendo ao conselho da Testemunha fiel e verdadeira (Apocalipse 3:18), serão rejeitados, ou seja, “vomitados” (Apocalipse 3:16).

Conclusão
Chegamos então ao fim de nossa jornada de sete períodos proféticos. Vale a pena relembrar as promessas feitas às sete igrejas e como, através delas, a graça de Deus restaurará tudo que a humanidade perdeu. O livro de Gênesis fala da entrada do pecado no mundo e das perdas que este acarretou. As promessas às sete igrejas falam da graça de Deus e de como todas as coisas nos serão devolvidas.

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