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APÓSTOLOS QUE FORAM MÁRTIRES




Quando nos dispomos a falar sobre pessoas que desistiram de suas vidas por amor a Cristo, estamos falando de homens e mulheres que viveram em épocas diferentes, em lugares diferentes, mas que possuíam um alvo semelhante.
Porém, procuraremos nos ater aos homens que deram suas vidas pelos primeiros passos da Igreja Primitiva, incluindo aí o profeta e evangelista João Batista, o homem que anunciou a chegada do Messias a este mundo, preparando o povo em sua volta para tão importante acontecimento.

A ilustração que abre este trabalho de pesquisa mostra como os cristãos eram martirizados naquela época, colocados na arena do Coliseu de Roma para serem devorados pelas feras. O mais triste disso é que esses acontecimentos era programados para servirem de “diversão” para o povo romano, que lotava as arquibancadas daquele estádio para poderem assistir e se divertir com aquelas atrocidades.
É claro que esses fatos históricos da Igreja Primitiva foram se repetindo pelos séculos adiante, desembocando na Idade Média, Reforma Protestante e chegando aos nossos dias, como mostra a televisão, hoje, quando os militantes do Estado Islâmico degolam ou queimam os “infiéis”, nomes que eles dão a quem não pensa como eles.


Cristão sendo queimado vivo pelo Estado Islâmico.

Voltando ao nosso foco de pesquisa, que é Jesus e seus seguidores na Igreja Primitiva, é normal as pessoas perguntarem se aqueles mártires sabiam onde estavam “se metendo” quando provocaram suas próprias mortes, de forma tão violenta. Garantimos que sabiam, sim, pois Jesus nunca escondeu de ninguém o que poderia acontecer àqueles que O seguissem. Veja apenas algumas palavras de alerta proferidas pelo Mestre:

Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.

 (Mateus 16:24) 

Sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados por todas as nações, por causa do meu nome. 

(Mateus 24:9) 

Profetas e apóstolos lhes mandarei; e eles matarão uns e perseguirão outros.

 (Lucas 11.49) 

Até pelos pais, irmãos, parentes e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do meu nome. 

(Lucas 21.16-17)

Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós (...) mas tudo isso por causa do meu nome. 

(João 15.19-20)

Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos (...) eles vos entregarão aos sinédrios e vos açoitarão nas suas sinagogas, e sereis conduzidos à presença dos governadores e dos reis, por causa de mim.  

(Mateus 10.16-18)

Por outro lado, seria bom refletirmos que não é nada lógico que alguém decida por seguir um caminho perigoso como esse, sem acreditar numa luz brilhando no fim do túnel. Em outras palavras, ninguém se habilita a uma missão como essa para defender uma mentira. Na verdade, a sua fé em Cristo é uma tremenda evidência de que eles testemunharam a ressurreição do seu Mestre.
Ainda introduzindo este trabalho, precisamos mostrar algo escrito daquela época, que mostre o motivo de tanto ódio pelos cristãos, afinal eram pessoas ordeiras, religiosas, homens e mulheres sem pretensões políticas que ameaçassem o governo romano.
O que transcrevemos a seguir é parte uma carta mandada por Caio Plínio, governador da Bitínia por volta de 111 d.C., ao então Imperador Trajano, de Roma, onde mostra sua estranheza pelas preocupações romanas com os cristãos da época. O governador diz como vinha tratando os “bandidos cristãos”, mas mostrando que não estava entendendo porque tinha que agir daquela maneira com pessoas aparentemente inocentes.

“É regra para mim submeter-te todos os assuntos sobre os quais tenho dúvidas, pois quem mais poderia orientar-me melhor em minhas hesitações ou me instruir na minha ignorância?”  
(...)

Como nunca participei de inquéritos contra os cristãos, não sei a quais fatos e em que medidas devem ser aplicadas penas ou investigações judiciárias. Também me pergunto, não sem perplexidade: deve-se considerar algo com relação à idade, ou crianças devem ser tratadas da mesma forma que o adulto? Deve-se perdoar o arrependido ou o cristão não lucra nada tendo voltado atrás? É punido o nome de ‘cristãos’, mesmo sem crimes, ou são punidos os crimes que o nome deles implica? 
 (...)

Esta foi a regra que eu segui diante dos que me foram deferidos como cristãos: perguntei a eles mesmos se eram cristãos; aos que respondiam afirmativamente, repeti uma segunda e uma terceira vez a pergunta, ameaçando-os com o suplício. Os que persistiram mandei executá-los, pois eu não duvidava que, seja qual for a culpa, a teimosia e a obstinação inflexível, eles deveriam ser punidos. Outros, cidadãos romanos portadores da mesma loucura, pus no rol dos que devem ser enviados a Roma.
 (...)

Todo o crime ou erro dos cristãos se resume nisto: têm por costume reunirem-se num certo dia, antes do romper da aurora, e cantarem juntos um hino a Cristo, como se fosse um Deus, e se ligarem por um juramento de não cometerem qualquer iniquidade, de não serem culpados de roubos ou adultério, de nunca desmentirem a sua palavra, nem negarem qualquer penhor que lhes fosse confiado, quando fossem chamados a restituí-los. Depois disso feito, costumavam-se separar-se e em seguida reunirem-se de novo, sem a menor desordem. Depois dessas informações julguei muito necessário examinar, mesmo por meio de torturas, duas diaconisas, mas nada descobri a não ser uma superstição má e excessiva.” 

Logicamente, essas histórias a serem aqui transcritas carregam uma grande possibilidade de estarem mudando o rumo os fatos realmente acontecidos. A Bíblia Sagrada é o instrumento que deveria registrar a maior quantidade dos fatos ocorridos de martírios, mas não é assim. 
Para que possamos produzir este trabalho, precisamos nos utilizar de histórias contadas pelos pouquíssimos autores dessas épocas distantes, de fatos contados de pai para filho, e assim por diante, aumentando a tal possibilidade de que muitos desses fatos não terem acontecido da maneira como se conhece hoje.

De qualquer maneira, é bom registrarmos que o nosso maior interesse aqui é mostrar os exemplos da grandeza da fé cristã daquele tempo, deixando-nos um legado hoje pouco respeitado e até certo ponto ignorado. 
Segundo Tertuliano, um dos Pais das Igreja, “o sangue dos mártires servia de adubo para o crescimento da Igreja, pois quanto mais os crentes eram massacrados, mais eles cresciam em número. Quanto mais se proibia o Cristianismo, mais as pessoas reconheciam a Cristo como seu Senhor e Salvador.”
Vamos, então, registrar o que conseguimos pesquisar sobre os homens e mulheres que morreram por amor de Cristo e de sua doutrina.

João Batista


Imagina-se que os primeiros homens a passar por essas provações são aqueles que seguiram a Jesus, os que vieram depois dele, entusiasmados pelas Suas doutrinas, mas na nossa opinião, tudo começou por um homem que vivia no deserto, parecendo meio maluco, dizendo coisas que não pareciam ter lógica. 
O profeta e evangelista João Batista era esse homem, filho do sacerdote Zacarias e Isabel, vindo a ser primo-irmão de Jesus, que era filho de Maria, prima de Isabel. A diferença de nascimento entre os dois foi de meses. Por volta de 700 anos antes disso, o profeta Isaías anunciava a vinda de um homem que pregaria no deserto, que se vestiria de peles de animais e que se alimentaria de gafanhotos. Ele não poderia beber vinho ou qualquer bebida forte, pois seria cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe.
João apareceu no deserto protagonizando esse homem, a exemplo do profeta Elias, para converter os corações, convencer os rebeldes à prudência, preparar o povo para a vinda do Senhor, aquele que ele mesmo se julgava indigno de calçar Suas sandálias. João Batista chamava o povo ao arrependimento, batizava as pessoas no rio Jordão, daí ser conhecido como “batista”. Costumava chamar os religiosos de “raça de víboras”. 
Esse homem não media as palavras que saíam de sua boca, atacando os líderes e governantes romanos que tanto entristeciam o povo judeu. O rei Herodes, o tetrarca, atendendo aos pedidos de sua enteada, que não gostava de João Batista, mandou degolá-lo, entregando a cabeça de João sobre uma bandeja para essa moça.
Todas essas desventuras de João Batista estão fartamente contadas nos evangelhos do Novo Testamento, para conhecimento da Igreja até os dias de hoje.

SIMÃO PEDRO (O MÁRTIRE)

Citado no Novo Testamento como “Simão Pedro”, como “Cefas” e como “Simão Barjonas” (Marcos 3:16 e João 1:42), ele nasceu em Betsaida da Galileia, filho de Jonas e irmão de André, uma família de pescadores. Os dois procuraram Jesus por sugestão de João Batista.
Pedro teve relevante importância nos fatos que marcaram a passagem de Jesus por este mundo. Várias conversas entre ele e Jesus mereceram registro nos Evangelhos, como aquela em que Jesus perguntou-lhe o que diziam a Seu respeito, e Pedro respondeu que Ele era...

“o Cristo, o Filho do Deus vivo”. 

(Mateus 16.16) 


Simão Pedro na (Cruz Invertida)

Além disso, ele foi testemunha da transfiguração de Jesus (Mateus 17:1-4), autor do grande sermão do Dia de Pentecostes, por volta do ano 68 d.C. (Atos 2:14-36), e o apóstolo a negar Jesus por três vezes (Mateus 26:31-35).
Os maiores detalhes da morte do apóstolo Simão Pedro foram informados por Hegésipo, um escritor da época da Igreja Primitiva, embora não exista nenhuma alusão bíblica de que Pedro tenha estado em Roma alguma vez da sua vida. 
Segundo Jerônimo, Simão Pedro teria sido crucificado de cabeça para baixo atendendo–se aos pedidos do próprio apóstolo, por não considerar-se digno de ser morto da mesma forma que fora o seu mestre. 
Porém, existe uma segunda hipótese, de que isso teria sido feito para humilhá-lo ainda mais, pois a posição faria com que fosse sufocado pelo próprio sangue. Ele teria 75 anos quando isso aconteceu, no ano 68 d.C. Já o escritor Clemente de Roma, que morreu em 95 d.C., afirma que a morte de Pedro aconteceu quatro anos antes.

ESTÊVÃO

Embora não tenha desempenhado as funções de apóstolo, Estêvão ocupou com muita competência o cargo de diácono na Igreja Primitiva e foi o primeiro mártir da Igreja Cristã, conforme pode-se ler nos capítulos 6 e 7 de Atos dos Apóstolos. 
A pregação de Estêvão para os judeus era tão radical que veio a ocasionar um grande tormento de ânimos. A turba arrastou Estêvão para fora dos muros da cidade, apedrejando-o até a morte (Atos 7:57-60), aparentemente a mando de Saulo de Tarso, que estava presente na ocorrência Atos 22:20). Até essa morte, só se tinha notícia de oposição geral contra a pregação do Evangelho, açoites ocasionais, mas nada que resultasse em matar alguém.

No seu sofrimento, enquanto perdia suas últimas forças, Estêvão colocou-se de joelhos e orou alto para que Deus não imputasse o pecado de sua morte aos seus algozes. Conta-se que suas últimas palavras teriam sido:

“Senhor Jesus, recebe o meu espírito!”

Supõe-se que a morte de Estêvão tenha acontecido entre a Páscoa seguinte à morte de Jesus e o primeiro aniversário de sua ascensão, que aconteceu na primavera.


Estêvão Sendo apedrejado.

MATIAS

Muito pouco se sabe sobre esse apóstolo que foi eleito como substituto para Judas Iscariótis, após sua morte. Para se entender o processo de escolha, o candidato deveria cumprir a exigência de ter acompanhado os discípulos durante todo o ministério de Jesus, ou seja, desde o batismo realizado por João Batista, até Sua ascensão ao céu. Logo, o novo apóstolo obrigatoriamente deveria ser capaz de testemunhar a ressurreição de Jesus, ou seja, ter visto o Cristo ressurreto, conforme o texto abaixo de Atos dos Apóstolos:  

“É necessário, pois, que, dentre estes homens que nos acompanharam todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu em nosso meio, a começar do batismo de João até o dia em que dentre nós foi arrebatado, um destes se torne conosco testemunha da sua ressurreição“. E oraram, depois de apresentarem os dois candidatos. “Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, mostra-nos qual destes dois escolheste para ocupar o lugar que Judas abandonou, no ministério do apostolado, para dirigir-se ao lugar que era seu.” Lançaram sortes sobre eles, e a sorte veio a cair em Matias, que foi então contado entre os doze apóstolos.  

(Atos 1:21-26)

Sente-se que os onze apóstolos restantes, comandados por Pedro, agiram de forma lúcida, apesar de terem aplicado o recurso de sorteio entre Matias e José Barsabás, os dois candidatos para a vaga. Era um critério permitido e recomendado pelo Evangelho, em vários casos. 
Referindo-se a esse assunto polêmico, o próprio apóstolo Paulo sempre considerou Matias como participante do grupo de 12 apóstolos que viram Jesus após a ressurreição. Em momento algum ele reivindicou para si essa posição (1 Coríntios 15:1-5).
Quanto à sua área missionária, Matias é apontado como um dos cinco apóstolos a trabalhar na Etiópia, que pode ter feito parte da Armênia e Macedônia, tendo fortes ligações com Felipe, Tomé e outros evangelistas. 
Sua obra também menciona trabalhos eclesiais no Egito, onde estabeleceu o fundamento para o Cristianismo Egípcio, que serviu de base para os filósofos esotéricos cristãos do segundo século estabelecerem a forma gnóstica de misticismo, característica dessa interpretação.
Falando-se de sua morte, a tradição embaralha bastante o fato, uma vez que várias possibilidades são citadas. Alguns pesquisadores defendem que Matias pode ter sido condenado e martirizado pelo Sanhedrin Judaico, na Pérsia, enquanto que Hipólito de Roma defende que Matias morreu em Jerusalém com idade bem avançada. Ainda sobre ter morrido em Jerusalém, outros dizem que foi por decapitação e apedrejamento, tradição essa menos confiável. 
Se continuarmos nessa ciranda de opiniões, ainda existe aquela em que Matias teria sido amarrado na cruz para morrer, depois de ser selvagemente apedrejado. E ainda sobre decapitação, tem quem defenda que ela aconteceu em Colchis, perto do Mar Negro. 
Mas, como Matias trabalhou muito na Etiópia, alguns dizem que seu martírio aconteceu por lá, apedrejado e decapitado. Para encerrar, defende-se que ele teria morrido em Sebastopolis, perto do Templo do Sol.
A insistência da possibilidade de martírio envolvendo a Etiópia tem conexão com o Norte da África, onde Matias costumava pregar para tribos de canibais, histórias citadas por Felipe.


    Matias





Fonte : Estudos bíblicos






@Lucianol.10

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